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histórias e
estilo de vida do forró urbano

Histórias e estilos de vida do Forró Urbano

Módulo Expresso

 

Curso teórico de 2h com textos/vídeos e fotos contando a história e o lifestyle do Forró Urbano.

 

 HISTÓRIAS DO FORRÓ URBANO

 

Pesquisa iris De franco e Evandro Paz

Textos: iris De franco

 

O Forró Urbano mescla o tradicional com o contemporâneo, o popular com o erudito, possibilitando aos seres urbanos a vivência da potencialidade da cultura brasileira em uma instância compatível com seus corpos, sua psique e sua vida contemporânea e cosmopolita. 

 

O Forró teve diversas fases de urbanização desde o seu surgimento. Antes, o Forró Tradicional era vivido mais intensamente nos interiores e pequenos povoados do Nordeste, depois nas suas cidades. Identificamos aqui algumas  fases de urbanização: A Urbanização de Luiz Gonzaga que ocorreu com a grande imigração do Nordeste para o Sudeste no meio do século XX que disseminou a cultura do Sertão do Nordeste ao Brasil inteiro, as gravadoras e rádios tiveram um papel importante nesta fase de difusão do Forró, bem como os nordestinos migrantes.

A Urbanização influenciada pela Tropicália e festivais da década de 1960 e 1970 que misturou o Forró a outros ritmos e aproximou o movimento forrozeiro da burguesia brasileira e a outros movimentos intelectuais e culturais do mundo como o reggae, o rock, o samba.

A Urbanização da década de 1990, com a explosão do Forró Universitário que surgiu no Sudeste  do Brasil e transformou a maneira de tocar, de dançar e de vivenciar o Forró, e novamente difundiu o Forró através das grandes mídias, TV, rádios e CDs piratas. Estudantes e produtores do sudeste organizavam festas de “brasilidades”, e o forró pé-de-serra foi sendo introduzido dentro destes eventos e ganhando o gosto do público. A nova dança incluiu um público que antes só assistia aos shows ou consumia os discos, nesta fase, dançando o espectador começa a participar ativamente da festa e isso faz com que o Forró se perpetue e se salvaguarde para as próxiams gerações, pois os forrozeiros se tornaram fazedores de cultura e não meros espectadores. Nesta época, bandas como o Falamansa, Bicho de Pé, Caiana, Forróçacana dentre outras, inspiradas presencialmente no Trio Virgulino, Trio Sabiá, Trio Xamego, Trio Cristalino, misturavam o som da MPB com o forró de raiz.

A Urbanização dos anos 2005 em diante, esta que denominamos aqui de Forró Urbano, difundiu o Forró pelos 5 continentes do mundo, transformando o Forró Universitário em diversos subtipos, estilos e manifestações diferentes, manteve seu estilo de vida democrático e harmonizador, com trocas de par de dança durante a festa, interação entre raças, idades e gêneros e o espírito urbano e cosmopolita de seres que com saudosismo da natureza.

(Se você quer saber mais detalhes, venha para nossa aula de História do Forró Urbano)

Em um mundo globalizado, o Forró Urbano se espalhou e hoje está na Europa, Ásia e Américas, trazendo humanidade, noção de pertencimento e aconchego à hostilidade e ao individualismo das grandes urbes. Hoje são mais de 100 festivais de Forró Urbano espalhados nos 5 continentes, onde a comunidade forrozeira faz um grande intercâmbio cultural. O maior deles é o de Itaúnas, vila que influenciou com seu estilo de dançar as muitas vertentes de Forró Urbano.

O fator mais significativo e que está em todos os ambientes que o Forró Urbano se manifesta é o Lifestyle despojado e casual, que faz com que os participantes se desarmem das regras sociais e relaxem, abraçando-se com acolhimento e aconchego. Focando no sentir e experienciar, no bem-estar e na vivência da dança de forma sinestésica e fluida, onde o mundo interno está exaltado e não o externo, o essencial do Forró Urbano é dançar gostoso com seu par e viver em comunidade.

Este abraço e ambiente acolhedor promove a inclusão e a integração de raças, idades, estilos, tribos, gêneros e classes sociais, gerando um espaço harmônico e uma rede mundial que se ajuda. Entende-se, portanto, que o forró em questão, forma uma comunidade que troca humanidades e não só danças, transformando o forró em instrumento de harmonização social, possibilitando a diminuição das desigualdades sociais e vivência da democracia, cidadania e a construção de um mundo mais igualitário.

             

Milhares de pessoas dançando noite após noite, desenvolveram uma movimentação natural, relaxada e orgânica, com diferentes sotaques corporais, sintetizando cinco matrizes de movimento: jogo de corpo, jogo de pernas, caminhadas, giros juntos e giros soltos. Com influência das ruas, de outras danças de salão e populares, e, principalmente, do jeito de dançar dos nativos da Vila de Itaúnas, hoje são muitos estilos e galhos de Forró Urbano que usam estas matrizes de movimento com diferentes sotaques corporais.

 

Como o andamento das músicas tocadas no Forró Urbano é menos acelerado que o tradicional nordestino, ele inclui facilmente os novatos e permite que os dançarinos aproveitem a festa por muitas horas dançando sem ser cansativo. As bandas e trios também tocam blocos curtos de músicas, fazendo pausas entre elas, o que facilita trocar de par, e dançar com muita gente na mesma festa, e permitindo assim, maior socialização. 

                      

Isso não significa que o Forró Urbano se utilize apenas de movimentações simples, mas sim que quem se abraça e não sabe nada de dança já pode participar da festa sem medo, já é incluído no baile sem precisar entender de passos. Contudo, quem quer estudar profundamente e deseja incrementar sua dança, percebe que o Forró Urbano abarca também movimentações corporais e conceitos de dança extremamente complexos e que se modificam todos os dias na vivência das festas. Novos passos e jeitos de mexer o corpo são inventados e reinventados e vão deixando a dança mais e mais gostosa de ser estudada.

                   

O interessante é que no Forró Urbano a dança está de igual para igual com a música, não existe uma hierarquia de importância entre elas. Muitas vezes os músicos adaptam seu andamento ou escolhem seu repertório para ser mais dançante, assim como os dançarinos escutam a música para dançá-la, muitos artistas, olham para as pistas para tocá-la.

 Um importante pivô do cenário do Forró Urbano são os Djs que geralmente dançam bastante e participam do baile, conseguem sentir a pista e que músicas seriam mais dançantes. Os Djs de Forró Urbano são grandes pesquisadores de forró e responsáveis por resgatar músicas do passado e torná-las a moda do momento, e por lançarem e divulgarem novos artistas. Influenciadores do gosto musical do momento, das gravações das bandas e agentes de registro e difusão histórica por meio de seus acervos, eles são peça chave do Forró Urbano, e muitos bailes dispensam músicos e conseguem fazer uma festa fantástica com djs.

     

Apesar da música e da dança estarem de igual para igual no Forró Urbano, sem ordem de importância, foi esta última que fez com ele se difundisse pelo mundo. Quando uma pessoa dança ela deixa de ser mero espectador passivo da música e se torna participante ativo da festa, transformando-se em criador e criatura, sujeito e objeto, o dançarino passa a ser o artista e a própria obra de arte. O Forró Urbano, portanto é uma grande performance onde os artistas são todos os participantes da festa. Desenhando assim, a arte como um paralelo da vida, a festa de forró tem alto potencial transformador do ser humano, pois o coloca em papel ativo dentro da sociedade, fazedor de arte, transformador da vida, dele próprio e do ambiente em que ele participa. Por isso, o Forró Urbano é tão emocionante, contagiante e muitos dizem que quando o bicho do forró morde, ele não morre, uma vez forrozeiro, forrozeiro para sempre!

por Evandro Paz e iris De franco

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